terça-feira, 23 de junho de 2009

Detalhes


Ela me deu aquele olhar culpado antes de descer e eu ri. Sim, íamos para o mesmo lugar. E havia o mesmo olhar culpado nos dois… Vamos para o bar mais próximo da universidade. Entretanto, quero me deter nesse olhar. Não na bebida, não no bar frequentado diariamente por dezenas de estudantes que crêem que a experiência acadêmica não está completa sem a ida ao Rosa!

Sim! E ela me olhou com aquele olhar culpado de quem gasta dinheiro público com bobagem. Bobagem nada! Transporte até a faixa. Mas a coisa se perverte. Tudo se perverte. Afinal, o barzinho é logo ali, antes da parada final. O micro ia ter que fazer o trajeto até a estrada mesmo…

É a brecha. A brecha que nos dão sempre para sermos piores com pouca ou alguma culpa. Mas ela me olhou e me deu o olhar culpado e cúmplice. Errei. Sei que estou errando,mas.. todo mundo faz isso.

Se os figurões fazem pior, porque eu não? A caminhada é longa. Mas existe o olhar culpado. O rosa está no meio do caminho. É a brecha na lei. Dentro da universidade não é permitida bebida alcoólica, porém, do lado de fora… Te deixamos lá.

E é assim que parece que é, de cima para baixo. Se eles roubam milhões, desviam do caminho quando não deviam… E sempre falam que é a brecha…A brecha na lei, a brecha na estrada. A culpa é sempre do outro. Eu não posso ser melhor.

Dá trabalho ser melhor, não é?

A brecha. Não há escolha. Há a brecha. Enquanto tentarmos tapá-las e não evitá-las, a parada do micro mais saudável vai continuar sendo o rosa.

De qualquer forma, mesmo o redentor sendo um péssimo vinho, é bom discutir o que há de errado no país e no mundo lá no rosa.

Imagem Night Bar por Tood Neumann

sábado, 13 de junho de 2009

Flores para uma flor


 

 

 

 

E ontem foi dia dos namorados. O mundo se tornou um lugar mais colorido depois disso. Bonito mesmo. As donas das floriculturas são sempre os seres mais alegres com a proximidade desta data.
As namoradas esperam nas portas de suas casas, nas ruas dos canaletes os namorados. Sempre tem aquela esperança, vai vir presente...Ai dele que não dê o tal do presente.
Estava eu na rua, com os coturnos quentes (abriu um sol do caralho ontem) e vi uma figura bem estranha. A tal da guria ia cair no choro. Ela olhava o celular, e a maquiagem parecia que ia borrar a qualquer momento. Ela olhava e reolhava. E nada. Eu sentei-me em um canto para observar o espetáculo. Como elas se prestam eu não sei. Mas se prestam. Esperava, tinha uma caixinha nas mãos. Provável presente.
Ela era bonita. Cabelo comprido, toda de rosinha e parecia ser bem novinha. Algo entre uns 15 anos. Toda arrumadinha, uma boneca. E aguardava. Ela recebe uma ligação e espera. Mais meia hora tomando sol. Como não tenho muito o que fazer da vida, fiquei por ali... Só para ver no que dava.
Quando eu vejo a criatura que me aparece... Eu caio no riso. É gordo, daqueles que são uma escultura de carne ambulante, e estranho. E ela o abraça. E se perde no meio da banha. Miudinha do jeito que era...  Ele tinha um ramalhete de flores,  só para ela. E um sorriso, atrasei. Perdoa eu amor? E ela acariciou o rosto dele e o beijou no rosto. Acho que pude ouvir um eu te amo vindo dela. E como minha visão é boa, vi um sorriso do lado dele.
Eu olhei no relógio. Quando cheguei era 14:30. Agora eram 17:00. Ela feliz. Ele feliz também. Ela ficou duas horas e meia o esperando.
Realmente, creio que uma floricultura seja um ótimo negócio.

 

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