Ela me deu aquele olhar culpado antes de descer e eu ri. Sim, íamos para o mesmo lugar. E havia o mesmo olhar culpado nos dois… Vamos para o bar mais próximo da universidade. Entretanto, quero me deter nesse olhar. Não na bebida, não no bar frequentado diariamente por dezenas de estudantes que crêem que a experiência acadêmica não está completa sem a ida ao Rosa!
Sim! E ela me olhou com aquele olhar culpado de quem gasta dinheiro público com bobagem. Bobagem nada! Transporte até a faixa. Mas a coisa se perverte. Tudo se perverte. Afinal, o barzinho é logo ali, antes da parada final. O micro ia ter que fazer o trajeto até a estrada mesmo…
É a brecha. A brecha que nos dão sempre para sermos piores com pouca ou alguma culpa. Mas ela me olhou e me deu o olhar culpado e cúmplice. Errei. Sei que estou errando,mas.. todo mundo faz isso.
Se os figurões fazem pior, porque eu não? A caminhada é longa. Mas existe o olhar culpado. O rosa está no meio do caminho. É a brecha na lei. Dentro da universidade não é permitida bebida alcoólica, porém, do lado de fora… Te deixamos lá.
E é assim que parece que é, de cima para baixo. Se eles roubam milhões, desviam do caminho quando não deviam… E sempre falam que é a brecha…A brecha na lei, a brecha na estrada. A culpa é sempre do outro. Eu não posso ser melhor.
Dá trabalho ser melhor, não é?
A brecha. Não há escolha. Há a brecha. Enquanto tentarmos tapá-las e não evitá-las, a parada do micro mais saudável vai continuar sendo o rosa.
De qualquer forma, mesmo o redentor sendo um péssimo vinho, é bom discutir o que há de errado no país e no mundo lá no rosa.
Imagem Night Bar por Tood Neumann
1 comentários:
Bah, bem por aí... As pessoas reclamam da vida, mas não fazem nada para melhorá-la. Pode soar meio hipócrita, pois já peguei o micro para ir ao Rosa - pouquíssimas vezes, é verdade -, mas sempre olhei meio atravessado para aquele pessoal que descia ali rindo, enquanto eu me encaminhava para a faixa...
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