sexta-feira, 31 de julho de 2009

As janelas quebradas da alma?


 

 

 

Acho fascinante isso. Como a imagem pode fascinar ao ponto de fazer com que uma pessoa deixe para trás o que era para seguir a imagem.
Ou de como um milhão de palavras escritas servem apenas para remeter a uma imagem.
O ser humano é imagético. O que nos prende não são os textos, são as imagens que eles nos remetem.
A imagem fascina.
Como no caso daquela guria, putz, esqueci o nome da criatura... Qual era?
Era uma vizinha minha.
Um dia, em uma loja de cd's, uma imagem a fisgou. Uma mulher. Um olhar de mulher. Como o que poucas mulheres no mundo tem. A primeira vez que vi um desses foi o olhar de uma mulher da década de 50 posando em uma foto. Olhar de quem é dono de si... E, sinceramente, a opinião dos outros não importa. Que se explodam.
E aquela menina, de 13/14 anos, que estava naquela fase que se dizia já "madura" (adoro isso nessas piás.. juram que são muito adultas, se esforçam para provar isso, já reparou? saem com maquiagem escondidas da mãe... entram em boate, depois o tio que vai preso por molestar menores)... Foi fisgada por aquele olhar.
Queria tê-lo. Queria impô-lo ao mundo. De hoje em diante cuido de mim. E ninguém tem nada com isso.
É o mundo das imagens e das pessoas por elas fisgadas. As pessoas acreditam nas imagens. Elas são consumíveis como tudo neste mundo. É o capitalismo. Se sua mãe estiver inteira, a venda. O ebay também aceita vender almas e vidas... O que não é mercadoria hoje em dia?
Aquela expressão.. E ela mudou totalmente de atitude. As roupas mudaram... Estava consumindo a imagem. Tudo por um olhar determinado como aquele... Por uma sensação de ser segura de si como aquela guria da foto...
Até onde a sugestão de uma imagem é capaz de levar?
Eu lembro dela hesitando com as mãos...
E do olhar de iluminação... Deus havia falado com ela..
Era só uma imagem.. Nada além disso...
Ia ser bom se nem tudo tivesse mais de um significado.
Até hoje quero saber se ela ao menos chegou a ouvir o cd...

sábado, 25 de julho de 2009

Da urbis e seus habitantes


 

 

O mundo é composto em sua maioria por idiotas e fanáticos ou é só impressão minha?

Ignorância. É disso que parece se constituir o mundo.

Deixemos o mundo das abstrações. A concretude é essencial. Concreto com o qual bater a cabeça sucessivamente.

Se for só impressão, preciso de um foco novo para ver as coisas...
E baixar meus padrões.

Creio que as pessoas devem possuir um motivo racional para baterem sucessivamente com suas cabecinhas na parede. Devem ter. Não é possível. Ou para atirarem as chances que tem durante a vida no lixo...

Não é burrice por si só. Estou cansando da burrice por si só. Definitivamente, há uma vontade dentro da maioria dos seres humanos para serem imbecis. “Dá preguiça pensar”.

Cansa ler livros. Deus nos livre de usar nossos neurônios.

A cultura de massa consegue me fascinar com seu poder. Todos eles seguem sempre  e sempre para o mesmo caminho. Como um bando de sardinhas. Ou um bando de vacas. É a manada. Vamos segui-la! E olhe, aquele lá é igual a mim! Não pode ser  só coincidência! Não é porque eu pego um modelo pronto de indivíduo que a minha televisão me deu e o absorvo como uma esponja. Não! É porque Deus quer me dizer algo! Só pode ser um sinal!

Estou decepcionado. Isso é fato. Se há um amigo imaginário acima de mim... Eu enjooei dessa piada de mau gosto chamada humanidade. Dá para jogar o raio agora?
Sim, porque, se eu ver mais uma vaca, não vou pensar no churrasco que dá de fazer com ela... Vou pensar em pegar uma metralhadora... E isso pode me trazer muitos problemas se eu estiver no meio da urbis..

terça-feira, 23 de junho de 2009

Detalhes


Ela me deu aquele olhar culpado antes de descer e eu ri. Sim, íamos para o mesmo lugar. E havia o mesmo olhar culpado nos dois… Vamos para o bar mais próximo da universidade. Entretanto, quero me deter nesse olhar. Não na bebida, não no bar frequentado diariamente por dezenas de estudantes que crêem que a experiência acadêmica não está completa sem a ida ao Rosa!

Sim! E ela me olhou com aquele olhar culpado de quem gasta dinheiro público com bobagem. Bobagem nada! Transporte até a faixa. Mas a coisa se perverte. Tudo se perverte. Afinal, o barzinho é logo ali, antes da parada final. O micro ia ter que fazer o trajeto até a estrada mesmo…

É a brecha. A brecha que nos dão sempre para sermos piores com pouca ou alguma culpa. Mas ela me olhou e me deu o olhar culpado e cúmplice. Errei. Sei que estou errando,mas.. todo mundo faz isso.

Se os figurões fazem pior, porque eu não? A caminhada é longa. Mas existe o olhar culpado. O rosa está no meio do caminho. É a brecha na lei. Dentro da universidade não é permitida bebida alcoólica, porém, do lado de fora… Te deixamos lá.

E é assim que parece que é, de cima para baixo. Se eles roubam milhões, desviam do caminho quando não deviam… E sempre falam que é a brecha…A brecha na lei, a brecha na estrada. A culpa é sempre do outro. Eu não posso ser melhor.

Dá trabalho ser melhor, não é?

A brecha. Não há escolha. Há a brecha. Enquanto tentarmos tapá-las e não evitá-las, a parada do micro mais saudável vai continuar sendo o rosa.

De qualquer forma, mesmo o redentor sendo um péssimo vinho, é bom discutir o que há de errado no país e no mundo lá no rosa.

Imagem Night Bar por Tood Neumann

sábado, 13 de junho de 2009

Flores para uma flor


 

 

 

 

E ontem foi dia dos namorados. O mundo se tornou um lugar mais colorido depois disso. Bonito mesmo. As donas das floriculturas são sempre os seres mais alegres com a proximidade desta data.
As namoradas esperam nas portas de suas casas, nas ruas dos canaletes os namorados. Sempre tem aquela esperança, vai vir presente...Ai dele que não dê o tal do presente.
Estava eu na rua, com os coturnos quentes (abriu um sol do caralho ontem) e vi uma figura bem estranha. A tal da guria ia cair no choro. Ela olhava o celular, e a maquiagem parecia que ia borrar a qualquer momento. Ela olhava e reolhava. E nada. Eu sentei-me em um canto para observar o espetáculo. Como elas se prestam eu não sei. Mas se prestam. Esperava, tinha uma caixinha nas mãos. Provável presente.
Ela era bonita. Cabelo comprido, toda de rosinha e parecia ser bem novinha. Algo entre uns 15 anos. Toda arrumadinha, uma boneca. E aguardava. Ela recebe uma ligação e espera. Mais meia hora tomando sol. Como não tenho muito o que fazer da vida, fiquei por ali... Só para ver no que dava.
Quando eu vejo a criatura que me aparece... Eu caio no riso. É gordo, daqueles que são uma escultura de carne ambulante, e estranho. E ela o abraça. E se perde no meio da banha. Miudinha do jeito que era...  Ele tinha um ramalhete de flores,  só para ela. E um sorriso, atrasei. Perdoa eu amor? E ela acariciou o rosto dele e o beijou no rosto. Acho que pude ouvir um eu te amo vindo dela. E como minha visão é boa, vi um sorriso do lado dele.
Eu olhei no relógio. Quando cheguei era 14:30. Agora eram 17:00. Ela feliz. Ele feliz também. Ela ficou duas horas e meia o esperando.
Realmente, creio que uma floricultura seja um ótimo negócio.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Madrugada


 

Certas coisas não me servem. Olhe pela janela. O que dali é considerado bom?

Não serve.

E com uma arrogância que não era sua, fez um gesto a mais com o leque nas mãos. Não serve. E fiquei pensando, ali, no que mais não servia.

Encantou-me a exposição dela sobre o mundo e suas coisas. O que deveria ou não fazer. O que serve?

Serve-me uma garrafa de vinho. Não me serve uma vida de post-its.

Ela me comentando do casal que as três da manhã volta de uma festa, ela bêbada e tonta e ele alegre também. Era possível ouvir os passos do salto dela há cinco quilômetros dali. E minha companhia, com o leque deixado de lado e seu copo de vinho disse-me: Isso não me serve. Uma vida mixuruca na qual tenho que ficar bêbada para aturar a criatura do meu lado. Não me serve um homem pela metade. Dizia-me ela. Frescuras que não cabem eu não quero. Cansei de ter as coisas pela metade Mordred. Quero algo completo e perfeito.

E eu observei a atitude de minha compania e a acompanhei com o vinho.  O mundo é feito de pequenas coisas, não? E o tocador de músicas dela foi para uma música inesperada. E ela sorriu. Como se um diabinho dentro dela existisse, ela sorriu maligna. Eu quero algo como essa música. Será que um dia eu encontro? Acho que não…  Gosto muito dessa banda… Por que as coisas não podem ser como queremos que elas sejam? Pena que depois de um certo tempo eles pararam de fazer sucesso…

Quadros previamentes pintados tendem a não funcionar. Surgem manchas antes da hora. O pessismo é uma marca natural minha.  Há momentos em que não sabemos o que dizer. A descrença dela e minha no mundo eram impossíveis de serem escondidas.

Não acredito que o Obama presidente vá ser lá grande coisa. As tropas ficaram no Iraque… Será que a gripe suína mata muita gente? Eu só disse que achava que não. 1918 não volta. Ela suspirou e me disse: pena… tinha tanta gente que não faria falta neste mundo. Eu concordei…

E por fim, bebi mais um gole de vinho.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Post-it



É o mundo dos post-its.
Fazer o quê?
Recados rápidos, cultura rápida. Não se tem nunca tempo de nada. Para quê tempo? Ele foge, corre para longe. E nós lá, atrás dele. Deixando post-its por tudo. Uma vida de recados rápidos. Não pensamos em nado. Cru. Simples, fácil, polido, rápido.
É um comando: Não esqueça isso! O resto fica para depois. E depois, e depois.. E, surpresa! Morremos sós!
Não se pensa direito em nada. Um post-it de vida. Não há espaço para observações pequenas, carinhos pequenos. É o principal, nu e cru da mensagem de palavras cortadas do celular. É a tecnologia. Em duas linhas: Limpe o quarto. Três linhas: compre o leite, frios, ovos e não se esqueça de aquecer o pão velho. Entrelinhas não são necessárias.
Para que as míseras duas letras bj juntas? Sim, um beijo, um carinho. É tempo perdido. Pessoas são tempo perdido.
Ontem, o mundo acabaria se aquele tênis não existisse em teus pés. Hoje, esse mesmo tênis equivale a lixo... De um dia para outro tudo ficou tão dispensável. E eu me perco nisso. Posto que me descubro dispensável...
Sou ser humano de cartas, frases curtas, textos longos. Para mim nada, nem palavra é dispensável. Não, ainda não vivo de post-its...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sem luz



Alumni. Sem luz. Quando acenderão a tomada?  Quero luz! Abundante. Que a tudo tome conta. Minha ignorância não permite conhecer a tudo, nem a todos. Mas quero o mundo. Foda-se tudo, não sou Raimundo.
Mentem, demagogos que sõa, falam em mudar um mundo que não quer ser mudado. Não há tolice ou inocência, é comodidade. Palavras bonitas que só servem para preencher espaços em branco milimetricamente encenados. Quem se importa? É uma multidão de coisas incoerentes e estúpidas. Não me falem da utilidade dos discursos vazios. Pura e simplesmente estou sem saco para isso!
Não me falem de coisas que eu sei, não existem. Não tenho paciência para nada disso. Todas as burrices e demagogias do mundo uma hora atingem seu limite. Foda-se tudo, meu nome não é Raimundo, nem João e muito menos Jesus.
Finjam que algo vai mudar quando acenderem a luz. Não vai. Não deixarei de ser sem luz para ser aquele que professa... Professo o que? A quem interessa o que professarei? A ninguém. Somente às paredes. 
E isto me irrita. Meia dúzia de pivetes tratando-me como lixo humano, jogando minhas horas de estudo pelo ralo.
Foda-se o mundo... Meu nome é outro. Foda-se tudo. No final do ano, irão acender a luz. Deixarei de ser alumni... Ah... Como eu não gostaria de ser reconhecido por meus pares. Isso significa escolher... Reproduzo o discurso demagógico e vazio, ou esqueço de tudo logo de uma vez? 

domingo, 19 de abril de 2009

Questões de normalidade



Cada vez mais tenho a impressão de que o mundo é povoado por idiotas. Pleno sentido da palavra. Pessoas que pensam que é mais simples crucificar o diferente do que compreendê-lo. É a vida, o diferente é complexo e para as mentes simples tem que ser extirpado do mundo.
Homossexualismo se cura... Ok... Posso dormir tranquilo hoje à noite, pois a concorrência vai aumentar ao invés de diminuir. Piadas à parte... Assim como homossexualismo se cura, o Michael Jackson passou por um tratamento para ficar branco. E... na boa.. Os árabes descobriram, assim como os judeus (vamos ficar no conceito de ocidente, outro retardamento, criado só pela necessidade de ter um nós e um eles) que Jesus Cristo é o senhor e a Igreja Católica se encontra acima de todas as outras.
A imbecilidade do ser humano ao precisar de um nós e um eles para esmagar ou destruir, ou subverter o eles é algo extremamente irritante. Enquanto na Itália faz sucesso uma música onde o homossexualismo se cura, nos Estados Unidos, até pouco tempo atrás, a guerra do Iraque era feita... O mundo não ficou melhor graças a isso. Obtive indícios do contrário, aliás.
Eu fico imaginando aquela mãe carola rezando, com todas as suas forças, que sua vizinha, lésbica, encontre jesus... E descubra o poder do mesmo. Ah! Sim! E, ao descobrir isso, ela vá para o céu. Tudo porque o inferno está cheio de boas intenções... E... felicidade é um conceito abstrato. O importante é cumprir as regras da normalidade e... ser um desse nós abstrato, longe deles e de seus deuses que são demônios. 
Não, se vire até meca para rezar. Não, sua crença não tem validade. Se isso lhe faz feliz, não faça! Corra atrás do conceito do "normal". O american dream é o padrão e é importante segui-lo.
É bom não esqueecer. O "normal" é aquele que tem o maior poder aquisitivo... É ele quem tem condições de dizer o que é ou não normal... 

segunda-feira, 16 de março de 2009

Impressão



Era o último minuto
*Ela inventou de não funcionar. E eu ali, olhando o relógio... Último minuto. Para quem eu vou ligar? Isso vai soar pior que a desculpa do cachorro comeu meu dever... Sinceramente... Não entendo... Murphy.. Murphy.. Sempre nessas horas...
*Eu vou chutar essa coisa... E o celular me inventa de tocar... Estão perguntando onde me soquei... E eu olhando para essa coisa. Quantos comandos eu já usei? E estou começando a suar frio. O power point pronto, todo bonitinho... Tudo muito lindo. A minha vida por isso voltar a funcionar. Estou suando, começando a cheirar mal. Perdi meu ônibus. E ninguém vai me cobrir por essa falha.
*Que merda! Eu estou olhando o relógio. E nada... Nada... Tentei ligar para um conhecido, ver se podia ajudar. Ele também tem vida, me diz. E também está encerrando seu período de aulas. Que eu queria? Que ele matasse a própria apresentação de trabalho para que o ajudasse. É minha monografia. TEnho que passar isso adiante, se não fico mais um ano preso na faculdade! Inferno. Nem técnico. E esses professores não conhecem e-mail.. Moderno demais para eles...
*Estou suando todo, meu cabelo bagunçando, várias folhas de papel no chão. E eu não tenho dinheiro para pagar a impressão da lan house...
Uma série de palavrões que eu diga.. Não vão fazer essa impressora funcionar...
*eu vou para a faculdade e encarar isso tudo como o homem que sou no momento: desesperado.
*será que eles vão entender? Levo pen drive com o trabalho, abro o word lá...
*Que ódio!
*Ela não vai funcionar.. Morreu. Hoje! Enfim... Como mais nada resta a ser feito e estou muito de cara... E moro no quinto andar... é... Ao menos isso vai ser divertido.. antes que eu solte os cabos... Será que vais aprender a voar? A resposta dela para mim: impressão instantânea...

sábado, 7 de março de 2009

Alice




A vida é uma droga. Ponto?
Eu vomito mais um pouco e sinto minha decadência. É fato, seres humanos são decandentes.A sociedade moderna em pouco difere de uma corte francesa do século XVII... Agora usamos menos maquiagem. E as máscaras são nossos rostos. Com pouca ou muita maquiagem , somos todos seres mascarados decadentes, muito felizes com nossa libido.
Falando tudo isso me sinto como um inquisitor do século XV... Viva a falta de liberdade que vivemos! Mascarada como liberdade total, vivemos na ilusão de que podemos dizer muito, quando na realidade cuidamos cada santa (ou maldita) palavrinha que sai de nossas boquinhas bem fechadas... Mas não paramos de falar! Jamais! O silêncio denuncia tudo e mais um pouco a despeito de nossas almas... E isso assusta. O que poderão vir a usar contra nós?
Estou um pouco sóbrio demais, admito. Se continuar a usar belos termos este texto vai-se água abaixo... Sinto-me feliz com o fato de ser cru. Não quero ter subterfúgios para onde correr. Correr demais é perder tempo indo para o nada. Acho que estou me repetindo.
Ao menos a questão da libido é boa... Todo mundo faz o que quer, como e quando quer. E quem não gosta disto, bem.. Que se exploda, afinal, em nossa sociedade moderna ou pós-moderna.. Liberdade sexual foi adquirida, cada um faz o que quiser e, graças a deus, vivemos em um estado laico.
Obviamente, abortos de qualquer gênero estão descartados. E outras coisinhas... Deus não quer. É tudo muito feio, tudo muito escondido... Viva a hipocrisia!... E a Igreja que mesmo não fazendo parte do estado, ela controla em parte suas opiniões.
Atravesse o espelho Alice.. talvez esse mundo então passe a fazer algum sentido.

Foto: Viona-art carnaval de veneza de 2007

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval



Foi uma coisa ridícula. Eu olhei e reolhei.. E pensei, que merda!
É carnaval. Certo... Ainda assim...
Porra! Meu amigo de mulher não! É ofensivo com as mulheres esse tipo de coisa. Eu não sei qual foi a dele... Que todo santo ano se veste de mulher no carnaval. E a namorada arruma o cabelo. A mãe faz a maquiagem. E as duas emprestam as roupas. Nessas horas o conceito de amizade fica meio vago, sabe? Porque... Eu não preciso ver isso. Mas eu vi.
E.. na boa, é por isso que eu só saio na época de carnaval depois de um certo horário... E, dependendo do caso, arrastado. E fico bem longe das ruas principais. Somos amigos desde crianças, estou acostumado com algumas de suas esquisitisses (incapaz de atravessar água corrente, de passar por gatos pretos...). Ainda assim, que merda. Ele de mulher, me mandando beijinho... Todo feliz. É engraçado. O grupo tira foto, debocha e certamente vai usar isso quando a bebedeira do cara passar. Ainda assim...
É que odeio carnaval. Essa história toda de melhor festa do ano... Brasil parar. Sei lá... Sou chato, admito. Uma marchinha de carnaval, uma colombina na minha frente. Tem alguma dignidade. Agora.. .o cara de mulher, a mulher sem roupa.. Não tem graça. Eu vou imaginar a mulher como? Está tudo lá! Na frente! Eu sou velho. E fora de moda, segundo me dizem minhas ex-namoradas.
A columbina atual conta os ficantes. O pierrot sem dúvida é emo. E a baiana agora é mulata da escola de samba. E essa mulata foi perdendo peças de roupa conforme o tempo foi passando. E nada disso tem graça. Eu não vou de maneira sutil convencer a minha colombina com flores e poesias que ela é linda, ou qualquer coisa do gênero. Eu vou chegar chegando e se não der, existem outras. Máscaras para quê? Está tudo exposto ali. Se gostar gostou...
O carnaval tinha, até um tempo atrás, uma mistica. As pessoas não entenderam. Ou pura e simplesmente não quiseram entender. Era baile de máscaras. Um dia para ser outra pessoa. Não para se esquecer de quem se é. Bacanal por bacanal, troca logo o nome do troço para festa de dionísio. E faz isso em outra data. De preferência, usando toga. É mais fácil de soltar a roupa. E de preferência, proibindo macho de se vestir de mulher. Por que na boa... Se o cara que se assumir, que faça isso o ano inteiro, e não uma vez por ano bêbado para enxer o saco dos outros...

Imagem: Pierrot de Auguste Macke

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Saldo



Dois pesos e duas medidas. Ela sempre teve isso. Mas sua hipocrisia nunca era capaz de me chocar menos. É um mundo de conveniências este nosso. Todas as vezes que apanhei feito cachorro, imaginei que os dois pesos e as duas medidas não fossem tão fortes, presentes, na mente dela.
Apenas mais um desvio que ela tinha... Ao invés de ser diferente do monstro de mãe que lhe atormentou... Ela resolveu ser que nem o monstro que tanto lhe atormentou. Burra e hipócrita... A genética não lhe perdoou. Qual a herança que ela irá receber ao fim de tudo? Solidão, suponho. Apodrecerá nos calabouços que criou para si.
Um monstro. Estúpido, ainda por cima. Com compaixão teria-me como servo. Com sua imbecilidade tem apenas mais um que lhe dará as costas no futuro... Todas as vezes que apanhei, pensei, mereci. Como boa criança inocente, jamais questionei a justiça daqueles que me abrigavam e criavam... Nunca pensei, em momento algum... Ganho olhos roxos porque meus olhos são negros, não castanhos como os dela. Olhos negros como os de meu pai. Isso é um desabafo. De vez em quando preciso disso mais do que de uma garrafa de vinho ou absinto.
Mais do que das minhas paixões. Preciso falar.
Eu merecia. Eu não havia colocado a roupa onde ela queria que eu colocasse. Não tinha a ajudado da forma que ela queria. Não tinha sido um bom menino. Até que reparei... Ele tinha os olhos castanhos como os dela... E a justiça que era imperdoável comigo... Fora de meu âmbito era capenga...
Enfim... quando as pessoas nos magooam, anotamos em couro as dores feitas, para que resistam ao tempo... Quando é injusto... Têm que ficar registrado... Gostaria de conseguir queimar tudo isso e fazer um bom churrasco de minhas cicatrizes com ela. Mas não posso... O saldo negativo se acumula e multiplica de forma mais rápida que o positivo, bem sei...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vazio



Eles estavam gritando do outro lado da rua. Não os entendia. Não porque estivesse fora de meus sentidos. Não porque a rua estivesse agitada demais. Era madrugada e o único movimento que eu podia perceber era o de um gato preguiçoso fugindo de sua dona. E certamente, não era porque eles diziam coisas ininteligíveis.
Em alguns tempos, a convivência nos cansa. E queremos que os outros se explodam. Ou sumam. Os gestos estão gastos e não há fôlego o suficiente para ouvir a mesma sequência de frases, expressões. É impressionante como a criatividade abandona o ser humano médio cada vez mais a cada dia. Ou será que o ser humano médio abandona cada dia mais a criatividade? O plágio parece ser a estrada mais As pessoas se cansam do que é repetitivo. Entretanto, também crêem que a energia gasta em criatividade é um gasto inútil. O caminho mais fácil para o sucesso é o plágio. A fama pode ser conseguida ao transformar-se em uma cópia pobre de alguém. Milhões são capazes de gritar por uma farsa e incapazes de compreender quais são as reais consequências do grito irreflexivo. Colaboram com seu tédio diário. Matam o que pode ser novo. Afinal, a falta de novidade muito lhes apraz. Afinal, a novidade é indefinível, em um mundo que exige novidades ao menos dez vezes por dia. Estímulos são mais importantes que qualquer coisas para os ratos... Perdão, seres humanos.
Batem palmas pelos copiadores. São sobreviventes, audazes, espertos. A cultura do novo, bonito e brilhante ocupa a todos os espaços. Algo novo não pode ser produzido a cada dois segundos. Mentimos que reciclamos o velho.
Os gritos do outro lado da rua continuaram. Não havia novidade neles. Apenas a repetição contínua. Para não morrer de tédio... Joguei a garrafa vazia no meio do nada, acenei e fui para casa. Reciclei um antigo hábito meu... Ir dormir antes das seis da manhã...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ação/Reação



Encarei o que tinha diante de mim. Nada demais. Medo de altura. Foi assim. Medo de altura. Pulei com toda a coragem que pude reunir. O chão não iria a lugar algum. E eu sabia disso. É um medo que precisava ser superado, o das alturas. Os pássaros não temem o céu. São tão mais frágeis que o ser humano.
Eu pulei. E senti o gosto da liberdade. Senti o quão frágil sou. Como um pássaro, alcei-me no ar, e percebi que a fragilidade minha e dele não eram importantes. Não eram diferentes. Um passo errado, ambos morremos. É uma forma de mostrar escárnio ao resto da natureza, atirar-se de um avião com para-quedas às costas. Eu não deveria estar ali. Deveria morrer com a queda, mas tenho um modo de proteger-me das consequências de tal ato. Tantos são os atos impensados que fazemos sem sofrer as consequências totais dos mesmos.
Pulei mal. Puxei o para-quedas um pouco tarde. Quebrei a perna. Fui um pássaro malcriado. Ainda assim, quantas são as coisas que posso vir a fazer sem sofrer as consequências? Nem toda ação possuem uma reação equivalente. O ser humano me assusta por isso. Ele é capaz de burlar o quesito ação/reação. Nem todo crime acaba em punição. Isto seria assustador. Mas não é nada, diante da consequencia que deveria vir após a quebra das regras impostas pela gravidade e o não padecer em um ambiente fora de seu habitat natural. Somos realmente bons em burlar leis e fingir que não advém disto reações equivalentes. Pulei. Apenas quebrei a perna, não segui o quesito imposto por aqueles que quebraram antes a regra. Enfim, há convenções entre aqueles que burlam leis inevitáveis. Quebre-as, e alguma forma de reação equivalente virá... Um quebrar a perna ou mesmo um nadar com sapatos de cimento... Mesmo assim, ainda é possível escapar das consequências disto, apenas no ato de tentar voltar a seguir-se as regras naturais.
A última regra que o ser humano ainda é incapaz de burlar... é a morte. Minha curiosidade impele-me a desejar que tal lei seja quebrada. Advirá alguma consequência digna da magnitude de tal infração?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Brincando com facas.



Ela segurava a faca com força no pescoço. Dizia, sem ti não vivo. O que eu deveria fazer? Gostaria de poder segurar firme a mão da outra moça do outro lado da rua. Senti-me um boneco. Ela queria a mim. Precisava. Era seu ar.
Olhava meu relógio. Era hora de uma boa terapia para ela. Não é egoísmo meu. Apenas nao tinha um bom porquê de sujeitar-me a tal situação. Entende? A culpa me impelia até aquela maluca... A loucura era algo atraente. Ninguém nunca d'ante precisara de mim. É bom poder ser necessário. Sofrer da obcessão de alguém fazia-me feliz, de certa forma. Sou inocente. Seria mais correta a palavra imbecil... Mas palavras pesadas não são algo que eu goste de usar contra mim. A idéia de ser o salvador, o cavaleiro de armadura de uma moça atraiu-me.
Ela tinha olhos bonitos quando chorava. Como bom estúpido que sou, achei que ela realmente precisasse de um salvador. Algumas mulheres precisam da idéia de ser a dama em perigo. Eu era apenas algo que ela queria ter, mas não podia. Estou comprometido comigo mesmo. Sou egoísta e pretendia manter-me assim por algum tempo. Queria algo mais válido que este ciclo destrutivo de paixões.
Ela com a faca em mãos. Fingi não crer. Era descomplicado assim. A mulher de pernas longas e cabelos longos era muito mais atraente que aquele momento desconfortável. Tinha uma risada agradável também. Ceguei-me para a faca nas mãos dela. Não sou nem queria vir a ser o boneco de uma mimada. Ela tinha aquele olhar de cãozinho abandonado conforme eu me afastava. Não fui feito para ter pena desse tipo de pessoa... Geralmente, eu gosto de me fazer cãozinho abandonado... Ganho ossos extras assim. Ela segurou a faca com força. Cortou os pulsos com força. No momento em que me virava. Dramática.
Eu corri. Hospital. A culpa é algo que nos consome. Sei disso melhor do que eu gostaria. Não digo que foi só a culpa. Amava-a de certa forma. Ainda assim, a sensação de ser um boneco é sempre desagradável. Ela me teve. Inicialmente pela culpa.
Pessoas se cansam do que já tem. Uma hora, é necessário descartar aquilo que não mais lhe causa agrado. Deixei de ser interessante no momento em que fui dela. A faca no pescoço? Argumento final. Ela ganhou. A moça do outro lado da rua? Creio que continua a ter lindas pernas e olhos...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Gotas de Sangue



A espada escorrega de minhas mãos. De repente, ela ficou tão pesada... De repente, o fardo de ser um cavalheiro me cansa.Ser o rapaz bondoso, que luta pelo bem, pela justiça... Até onde vale a pena? Qual a recompensa... Meu sangue escorre pela lâmina. Meus cabelos negros estão sujos de lama, pois caí no chão várias vezes. Não os corto há tanto tempo. Se eu cortar... Será uma mostra de minha honra perdida. Erguer a bandeira de minha nação, lutar pelos interesses de meu pai. Todas as coisas que devo fazer e faço sempre sem questionar. Qual é a motivação? As gotas de sangue continuam a cair da ponta da lâmina. Será alguém se incomodará se eu parar para descansar agora? Estou um pouco cansado. Só isso. Eu quero desaparecer um pouco. Sair das vistas de todos. E me reparar dos males, dessas feridas que logo cicatrizarão. Pena que as cicatrizes não somem. E eu sou forçado a encará-las todas as noites antes de dormir. Como um cão vadio, eu ando por aí, sem esperar nada demais dos outros, sem forças de mostrar os dentes e me defender quando sou chutado. Esta espada, serve para cortar cabeças alheias. E eu não a uso, quando posso evitar, por pena destas cabeças. Sou fraco, admito. Não consigo. Não consigo. Eu solto um brado antes de todas as batalhas. Corto cabeças alheias..imaginando que são as de meus inimigos. Quem são meus inimigos? Um sorriso inocente, uma falta de senso comum, de saber onde se encontra, uma pessoa perdida. Esse é meu inimigo. É a pessoa que encontro sempre a me encarar no espelho. Esses cabelos negros longos.. Quantas vezes não quiz cortá-los? Esses olhos que me encaram...Quantas vezes naõ quiz cegá-los? É demais para mim. Enxergar a culpa nestes olhos. Enxergar a mágoa que causo a mim mesmo. Se eu fosse outro... quem sabe. Neste momento, só resta a lama para mim, que suja minha armadura e meus cabelos. Sois o campeão de tua família é o que me dizem, deves reprentar tua casa, é o que me dizem. E eu lhes digo: Com todo o orgulho representar-vos-ei. Sim.. Esta farsa continua. Eu finjo que sou algo que não sou. Tento ser frio até onde posso. Tento não ser aquele ser impulsivo. A quem me condeno toda hora de ser.Julgo-me culpado de tantas coisas. Menos de ser feliz. Por quê isso é tão dificil para mim? Eu sempre vejo um porém, para poder ser infeliz sem culpa. E sempre arranjo motivos para ser infeliz. O mundo parece girar agora. Será que serei absolvido de meus pecados? Esta ferida é mortal. Desejo descansar um pouco. Cravo a espada no solo. Me apoio nela. Só um pouco mais de tempo. Perdoe-me pelo egoísmo, meu mestre, mas quero viver um pouco mais. Existem coisas que não fiz ainda. Algumas verdades que ainda não disse. Uma liberdade que ainda não tive. É como se eu estivesse me afogando. Com um gosto doce, meio enferrujado até. Será meu sangue? Eu sinto a grama e não a lama. Vejo o verde dos pastos, não o marrom da sujeira que se mistura com o sangue dos campos de batalha. Não serei perdoado de meus pecados. Bem sei. Implorei demais mais tempo. Não é este meu lugar, não é mesmo? Vejo fazerem o sinal da cruz para mim. Meu tempo acabou, enfim. Meu mestre, porque sempre me aprisionas? Sou perigoso demais para ti? É o que me dizes sempre. Sim minha mestra, eu me calarei mais uma vez. Se é o que me pedes. Tentarei me calar. Tentarei deixar com que passem impunes. Sejas machucada à vontade. Gostas disto não é? Pena que o teu cavaleiro de armadura nunca vêm lhe salvar. E como ele não aparece, eu venho à tona, combato em tem nome, para perecer no fim em tuas mãos....

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Diamantes


Destes aquele sorriso intimista e mexestes em teus longos cabelos. Coisa só tua. Aquele misto de inocente com quem sabe exatamente o que está fazendo e o que quer fazer. E eu olhei cá, abobado. Sabia que não era para mim. Era para outro. Não ligo. Estou pensando em outras coisas. Espero que saibas disso agora.
Não ligo o telefone mais. Estou cá com meus demônios. Estou te olhando daqui e sei que tens esse jeito só teu para te mostrar a eles. Não sou imbecil de ver que todos tem uma valia para ti. Todos são úteis. E tu és útil para mim. Gosto de lembrar que nem todos prestam.
Eu me esqueço. Tenho uma ingenuidade maior que a dos outros. A maioria das pessoas é egoísta demais. E quem me controla tem a mania de esquecer disso. Coração de ouro. Logo ficará só frio e amarelo. Espero. Cristais quebram de forma fácil.
Mulheres vibram com diamantes. São indestrutíveis. Até onde sei. Sempre gostei de escrever, antes de mais nada, é algo meu. Ninguém me obriga isso. Deus sabe que existem pessoas que me querem com uma pequena mordaça na boca. Tenho mãos. Mulheres querem ser diamantes. Brilhar acima de todos. E impossíveis de ter seus frágeis seres destruídos.
Quantos diamantes eu já vi até hoje? Tu és o mais próximo disso. Acho. Na verdade, tenho, em meu íntimo, certeza que não. Falta-te aquele brilho. Aos diamantes falta utilitarismo. São belos. Sua funcionalidade reside nisso. Belezas que perduram no tempo. Mulheres gostariam de ser assim. Padecem, entretanto, diante de sua humanidade.
Estão biologicamente programadas para morrer. Eu vejo esse teu sorriso e esse mexer de cabelos. E isso me abala todo. É tua burrice. Inteligente burrice. Capaz de ver para o que cada um serve. E saber moldar a todos como pedaços de ferro. Artesã que és. Sou observador. Certamente, se souberes te utilizar de tua inteligência utilitária, terás diamantes em teu pescoço um dia... Como falta-te um cérebro... Sinto muito.. Serás incapaz de compreender totalmente o que um diamante significa...
O significado dele.. é todas as coisas que jamais poderás ser... Mas eu piscarei os olhos e te observarei... Adoro o modo que mexes esses teus cabelos... Eles me lembram, existem pessoas que não sorriem somente por sorrir...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Nuvens



Foi um daqueles dias de tempo nublado. Aqueles que as pessoas levantam e dizem que querem ficar na cama. Dia daqueles que eu levanto da cama, vou até a geladeira, como alguma coisa e saio. É o dia em que um vinho (mesmo um vagabundo) cai bem. Pelo que tenho no bolso, só vagabundo mesmo. Se chovesse era perfeito.
Gosto de dias chuvosos. Não gosto de sol. Nunca gostei. É o que ele representa. Dias sem chuva são bons dias. Nas séries de televisão antigonas, nunca chovia. Reparou?
Dias com neblina as ruas ficam vazias. Silenciosas. As pessoas se encolhem em suas caminhas confortáveis, com seus controles remotos presos em suas mãos como se eles fossem feitos de ouro. Outra coisa com grande valor simbólico, aliás. E quando elas se encolhem, elas fogem para um mundo bem à parte, das televisões sem dias de chuva. O que me lembra: a busca pela realidade no mundo fabricado da ficção agora é povoada por dias de chuva e dias nublados. Isso também me lembra: não tem bono dentro do armário. Ainda tem coca-cola na geladeira e o dólar subiu. Isso significa: sem absinto para mim.
Meu problema com os dias de sol são as pessoas. Felizes, juntam-se tal qual porcos em um chiqueiro, sujando tudo a seu redor. E gritam alto juntas. Grunhem. Chamam isso de comunicação. Vejo apenas uma multidão que não sabe o que quer, e quando reunida fala apenas asneiras. Não é asneiras.
Dias nebulosos têm o vazio. O cidadão comum nesses dias, se possível, restringe-se a seu pequeno espaço. A seu pequeno espaço fechado. Um espaço que ele acredita dominar. Nesses dias, coloco minha jaqueta e saio.
Nesse dia... nublado como todos os outros, eu vi algo interessante... Existem porcos que saem durante os dias nublados também. Os piores tipo, devo acrescentar (estou parecendo um personagem daqueles filmes que a minha avó me obrigava a ver com ela nos domingos-preço alto por doces..). São porcos que querem esconder o que fazem. Sabem que os outros não gostam dos dias nublados.
Eles se juntaram. Todos bem arrumados. Um carro grande e carteira de habilitação comprada. E correram. Correram mesmo. Como podiam e não podiam. O casal de namorados se apressou, mas ela estava de salto alto. Mulheres gostam de salto alto e maquiagem. Seria uma bela metáfora para a mentira... Ela se maqueia e usa salto alto para esconder quem é.
Devo admitir, não via nada. Sei que semana depois, eles tiveram uma sentença comprada, assim como sua carteira. Começo a achar que prefiro os dias de chuva. Ao menos, os imbecis teriam batido em um poste logo em seguida.
 

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