quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Saldo



Dois pesos e duas medidas. Ela sempre teve isso. Mas sua hipocrisia nunca era capaz de me chocar menos. É um mundo de conveniências este nosso. Todas as vezes que apanhei feito cachorro, imaginei que os dois pesos e as duas medidas não fossem tão fortes, presentes, na mente dela.
Apenas mais um desvio que ela tinha... Ao invés de ser diferente do monstro de mãe que lhe atormentou... Ela resolveu ser que nem o monstro que tanto lhe atormentou. Burra e hipócrita... A genética não lhe perdoou. Qual a herança que ela irá receber ao fim de tudo? Solidão, suponho. Apodrecerá nos calabouços que criou para si.
Um monstro. Estúpido, ainda por cima. Com compaixão teria-me como servo. Com sua imbecilidade tem apenas mais um que lhe dará as costas no futuro... Todas as vezes que apanhei, pensei, mereci. Como boa criança inocente, jamais questionei a justiça daqueles que me abrigavam e criavam... Nunca pensei, em momento algum... Ganho olhos roxos porque meus olhos são negros, não castanhos como os dela. Olhos negros como os de meu pai. Isso é um desabafo. De vez em quando preciso disso mais do que de uma garrafa de vinho ou absinto.
Mais do que das minhas paixões. Preciso falar.
Eu merecia. Eu não havia colocado a roupa onde ela queria que eu colocasse. Não tinha a ajudado da forma que ela queria. Não tinha sido um bom menino. Até que reparei... Ele tinha os olhos castanhos como os dela... E a justiça que era imperdoável comigo... Fora de meu âmbito era capenga...
Enfim... quando as pessoas nos magooam, anotamos em couro as dores feitas, para que resistam ao tempo... Quando é injusto... Têm que ficar registrado... Gostaria de conseguir queimar tudo isso e fazer um bom churrasco de minhas cicatrizes com ela. Mas não posso... O saldo negativo se acumula e multiplica de forma mais rápida que o positivo, bem sei...

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